quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Violino no Telhado

"Deus... Se existes, quem és ... ?

Se não existes, quem somos ? ..."

Acabava com estas duas perguntas...

Porque é que continuamos a acreditar em ti, e quando chegas ao centro da nossa vida, a tentar mudar alguma coisa, não te conseguimos abraçar, confiar em ti?

Porque é que acreditamos cegamente nas leis que nos passam, e nos esquecemos de acreditar no coração? Porque é que cumprimos ritos se no fundo, no centro, não confiamos que nos queres o melhor?

Bom deus, já aprendi a falar para ti assim. Já pus maiúsculas em tudo o que era falar de ti, e agora, nada disso faz sentido. Falo-te, só eu, despido de tretas e estratagemas para te dirigir a palavra como aqueles que parecem dirigir-se à entidade suprema... Falo-te assim, só eu. Sei que muitos dos meus textos constumam ser muito fortes, muito esperançosos, depois vem a parte má...e no fim acaba com a esperança em força! Sabes? Acho que já percebi porquê. Começo por aquilo que acredito, mas no desabafo do momento vou abaixo, pergunto-me porquê, porquê, porquê... pergunto vezes sem conta "porque é que isto não é assim se aquilo é assado, se porque sabemos isto não fazemos assado"...

E depois, acalmo, ouço o nosso silêncio sempre bem mais enriquecedor do que a minha chávena cheia de perguntas sem espaço para respostas, e sorrio...


É então que volta a esperança num mundo melhor, é então que ganho novamente força para continuar, para não desistir! Para me levantar de novo, e de novo enfrentar um mundo tão pesado! E depois vejo que é um orgulho ser assim, e lutar pelo que acredito. As pessoas são mais felizes quanto mais aproximarem o que querem do que acreditam.

É então a volta à marcha da nossa vida, volta da esperança num mundo melhor, num coração melhor, a volta da força para melhorar aquilo que acreditamos...

E então vemos que o violino que toca a música das nossas vidas e a esperança que temos daquilo em que acreditamos nunca desapareceu, mesmo quando estávamos cabisbaixos com os azares da vida. Vemos que tocava e tocava, porque sabemos agora, nunca desistimos.

E, então... o violino no telhado deixa de ser uma questão de equilíbrio, para passar a ser o sinal de esperança no topo da nossa vida, o sonho para o qual trabalhamos, e acreditamos que nos tornará realizados, nesse dia, nesse telhado.
 
por David a 4.9.08 | Permalink |


3 Comments:


  • At setembro 04, 2008, Blogger verinha:)

    Bem... já voltei á "escravidão por opcão", mas que belo começo! Dei logo de caras com este post!! E senti que era um texto feito á minha medida...

    "...esquecemos de acreditar no coração?"

    Oh david, obrigada por este PEQUENO despertar!!! :')*
    Senti que descrevias o que vai cá dentro! Olha... OBRIGADA *****

     
  • At setembro 04, 2008, Blogger verinha:)

    Ups... e no meio disto tudo, acabei por não responder ás perguntas!!


    "Deus... Se existes, quem és ... ?
    Se não existes, quem somos ? ..."

    Muuummm...acho que também não sei responder!! :S
    Porque,até já ouvi falar de Deus... sim,já me falaram Dele,e até muito bem! :P
    Mas sinto que ainda ando á procura Dele!! É isso...já ouvi falar,mas não o conheço por dentro!!Já vi traços do Seu Rosto, já me contaram a Sua Historia...mas eu ainda não O conheço!!Não O conheço, como conhecemos 'aqueles amigos do coração'...
    A quem contamos Tudo de nós, mesmo sem nos perguntarem nada!! Aqueles, em quem confiamos... completamente de Graça!!
    Pronto...tu sabes...é isso que eu sinto!!
    Não O conheço, como se conhece "Aqueles Amigos"!

    Mas a constante Procura e o Descobrimento... é delicioso!! Até mesmo quando, por vezes só sinto que consigo ver aquela cereja enorme... aquela cereja que fica no topo do bolo, dum Bolo gigantesco...que já me disseram que existe, mas que eu ainda não vi!! Só a cereja... e por vezes, ao longe!! Mas quero 'passar o dedo' naquele BOLO... ai se quero!!! Daí a contínua procura... mas claro, ao meu ritmo :P

    ...bem, não sei se respondi ou não á pergunta, mas sinto que já me alonguei muito, vou parar por aqui. :)*

    Hakunamatata...
    Obrigada... a caminho!!

     
  • At setembro 06, 2008, Blogger Inês

    Sabes? Quando assisti, essas duas frases também me fizeram pensar muito...

    É que Tevye, quem o diz, passa o teatro todo a falar para um Deus qualquer, aquele em que a tradição o fez acreditar. Em cada momento mais difícil, o tempo pára e aparece ele, de olhos voltados para o tecto, a pedir qualquer coisa ao seu deus...
    A pedir, ou simplesmente a lamentar-se da sua vida pobre e pouco folgada!

    No fim, percebe que aquele deus com quem contou toda a sua vida não mexeu uma palha para a melhorar!
    No fim, tem que abandonar na mesma a sua terra, que está a ser invadida pelos alemães, que lhe estão a roubar tudo o que tem.

    E esse deus tão silencioso confunde-o a tal ponto que se arrisca a duvidar de tudo o que tem!

    "Se existes, quem és...?
    Se não existes, quem somos?..."

    "Baseei toda a minha vida em ti, foi sempre a ti que recorri para tudo, até para te pôr culpa de algumas coisas que não consegui mudar, e agora tu fazes-me isto. Tu não me ajudas. Tu deixas que eles me destruam. Será verdade que não existes, como eles dizem? Se existes, diz-me quem és, porque depois de tanto tempo ainda não te conheço. Ainda és um dos falsos deuses que me impingiram.
    Mas se não existes, quem sou? Porque é que toda a minha vida gira à volta de alguém que nunca ouviu uma palavra que eu disse nem me amou como eu pensei que amava?
    Quem sou, se não tenho amor?"

    Foi isto que eu ouvi naquelas duas frases. E fez-me pensar muito.

    Se o Tevye fosse apenas uma personagem de um musical, não me importava absolutamente nada.
    Assim? Assim só penso que a minha missão é ensinar a todos os Tevyes que andam por aí que existe realmente um Deus que nos faz. Um Deus que não mexe uma palha para mudar a nossa vida porque sabe que nós somos capazes de a mudar por nós próprios. E um Deus que liga mais ao Amor do que à tradição.

    Um Deus que, no fim da vida, não nos faz questionar quem ele é, mas quem somos COM ELE.

    Desculpa a extensão, entusiasmei-me :)

    Agora apetecia-me ver aquilo outra vez :'D

    Obrigada *