terça-feira, 10 de junho de 2008
Capítulo Primeiro
Abriu os olhos.

Aqueles olhos que há tão pouquinho, e inexplicavelmente (ou agora assim lhe parecia) há um tempo tão longínquo, tinha fechado, e tudo parecia tão mais leve... Lembrou-se que era suposto quebrar com cordas, mas quando baixou o olhar já elas jaziam inertes num chão outrora frio onde aprendera a dormir. Pegou-lhes. A corda com a qual quase se enforcara, via nela a atitude que não tinha tomado até à morte, e sabia-o agora, transforma-la-ia num suporte para o seu baloiço, para voltar a ser a criança que desaparecera quando cresceu.

Sim, mudar era possível. Já nem se lembrava disso...! Vinha-lhe agora à memória que quase tinha acreditado numa sua amiga que tinha dito "nós somos o que somos, no fundo, nunca mudamos! Podemos 'limar' algumas arestas, mas nunca mudaremos a fundo!"... oh pá... quase tinha acreditado naquilo... qualquer criança sabe que é mentira... desculpas para enganar os crescidos! Nah, os crescidos não sabem nada, e as crianças têm de estar atentas, porque os crescidos têm sempre a mania de também fazer crescer toda a gente.

Sim... como se tinha esquecido de ser criança! Mudar era possível ! Basta querer, basta acreditar, basta sonhar. Mas os adultos já não acreditam nestas coisas, "são coisas de crianças"... São... e nem sabem o que perdem! Ou melhor... se calhar até sabem, mas "são adultos, e têm que se comportar como tal". Que pena, sonhar é tão bonito...

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por David a 10.6.08 | Permalink |


1 Comments:


  • At junho 16, 2008, Anonymous Anónimo

    E quando querer, acreditar e sonhar não é suficiente? às vezes crescer é tanto mais que um refúgio! O que acontece quando já quisemos e acreditámos que a mudança era possível e acabámos sempre por cair ao fundo do poço novamente?! Na minha opinião, querer, acreditar e sonhar é importante mas apenas para kem pode...